Para quem não sabe, eu era o que podemos chamar de "nerd" no colégio. Sempre me esforcei bastante, selava amizades com meninas meigas e inocentes como eu (nada de garotos, eles me desprezavam), era incapaz de jogar uma bola corretamente em qualquer modalidade da aula de educação física, escrachada por ser um palitinho de dente e não saía do colégio nem para ir na papelaria da outra esquina, muito menos pra voltar pra casa que ficava a um quarteirão de distância. Mãe superprotetora, sabe como é. Às vezes acho que é por isso que, vez ou outra, sou um tanto lerdinha: conheci o "mundo" muito tarde.
Veio o outro colégio, depois cursinho e algumas coisas mudaram. Ou eu percebi que PRECISAVAM mudar. Comecei a conversar e sair com garotos e voltar pra casa sozinha! Grande passo. Sempre que possível, deslizava pra alguma festa ou migrava até as terríveis (temíveis?) baladinhas de pessoas vazias com bolsos cheios da Vila Olímpia.
Enfim. Chegando na parte que realmente interessa, depois de 2 anos de cursinho, 2 tentativas frustradas de passar em R.I. (graças a Deus) e uma 3ª efetuada com sucesso (R.I. nunca mais), entrei na faculdade que sempre quis. E por que eu iria querer a tal, especificamente? Simplesmente pela possibilidade de morar longe de toda e qualquer opressão e/ou repressão e, finalmente, conquistar a liberdade que eu nunca havia visto e ser capaz de reestruturar tudo o que eu era e tudo o que eu seria dali pra frente.
E eu fiz e fui tudo o que queria fazer e ser! Aquela garotinha magricela, sem graça e bitolada se tornou, então, apenas uns 5% de mim. A partir daí, eu conheci muita gente e muita gente me conheceu sem eu nem saber. Ali eu tive minha chance de ser a "cheerleader" que saía só com "quarterbacks". E eu tive minhas más influências (e vice-versa), e elas tornaram-se amigas pra toda a minha existência na Terra.
Meu novo "eu" agora se apaixonava e desapaixonava loucamente, perdia velhas e valiosíssimas amizades por erros graves e irreparáveis, ia em todas as festas (im)possíveis e (in)imagináveis, marcava eternamente o corpo com tinta, papeava com meninos até altas horas da noite na sacada observando estrelas daquele céu tão limpo, andava todos os dias de bicicleta (que perigo!), dormia onde e quando bem entendesse, promovia escândalos e bafões, jogava "sueca" até ficar ruim o suficiente pra brincar de esconde-esconde às 3 da manhã como se fosse uma criança despreocupada. Ahhhh..interior!
Nada é para sempre. Nem a melhor e inesquecível fase da minha vida. Voltarei a ser uma pessoa extremamente responsável e séria (se assim precisar ser, assim serei, apenas nos olhos de quem quiser enxergar). No momento, estou em uma outra fase não prevista: aquela em que eu tento dormir pra acordar em outra vida.
NEXT STAGE, PLEASE.